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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

caso gugu x noticias sobre shaolin

Não existe má-fé

Estudei jornalismo por quatro anos. Investi, esforcei-me, venci. Na noite passada, vi meu diploma como pedaço de papel inútil. O que é publicado por qualquer um nas redes sociais torna-se verdade absoluta por quem fez juramento no ato de colação de grau em comunicação.

Refiro-me à estranha manifestação da esposa do humorista hospitalizado Shaolin. Laudicéia Veloso fez acusação gravíssima em sua página no Twitter. Disparou que Gugu Liberato inventou informações sobre o estado de saúde do marido porque o apresentador não conseguiu falar com ela. O efeito cascata aconteceu. Diversos sites reproduziram a declaração tomando-a como o mais irrebatível fato.

Para quem não assistiu, o Programa do Gugu contou com a sorridente repórter Bruna Drews na entrada do Hospital das Clínicas em São Paulo. As informações trazidas davam conta de que Laudicéia estava sedada devido a uma eventual piora do quadro. Shaolin não estaria respondendo aos estímulos e a medicação teria sido suspensa. Informações colhidas por Bruna junto ao irmão do humorista e ao médico Wagner Tavares.

Diante deste cenário, o ponto de partida de qualquer jornalista deveria ser: por que Gugu não conseguiu falar com Laudicéia? Ela estava muito ocupada? Sedada, de fato? Orientada a não conceder entrevista ao programa? Não descarto tal hipótese, visto que conversou com Ana Hickmann em matéria exibida horas antes no Tudo É Possível. O irmão e o médico mentiram? A repórter não passou com clareza a informação? Quem ganharia com isso?

Homero Salles, diretor do Programa do Gugu, é um cara que conheço pessoalmente, respeito e que justificou minha admiração mais uma vez. Bateu no peito e assumiu qualquer responsabilidade quanto ao conteúdo levado ao ar. Pediu que cobrassem dele, não de Gugu, todas as informações. Corretíssima postura de um diretor que demonstra cuidado até com sua repórter que, perto do fim do programa, justificou-se no estúdio.

Vê-se em poucos sites e blogs este outro lado da história. A ânsia por levar alguém ao calvário expõe todas as fragilidades do sistema de notícias da Internet. Assim como todo brasileiro é técnico da Seleção, tantos consideram-se entendedores de televisão. Apontar para alguém a partir do que foi publicado no sucinto Twitter e não pegar o telefone para checar com a outra parte envolvida fere os princípios básicos do jornalismo.

Peço aos internautas que tenham cuidado ao confiar em qualquer site que fale sobre televisão. Laudicéia, abalada emocionalmente pela tragédia, não deve ter dosado a razão. Espero que ela se comunique com quem passou a notícia para a repórter e volte a se pronunciar. Agora que o número de seus seguidores no Twitter dobrou com a repercussão de hoje, vamos torcer para que publique boas notícias e utilize a ferramenta com mais cuidado.

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